DO QUE SE TRATA?
A travessia Petrópolis x Teresópolis é uma das caminhadas mais famosas (e belas) do país, cruzando o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. É uma trilha pesada e íngreme a ser feita com mochila cargueira nas costas pela extensão de 30 km e, em regra, dura 3 dias e duas noites.
Primeiro de tudo: essa aventura não é brincadeira… Não pense que estou te desanimando, mas não da para chamar o Capitão Nascimento e pedir para sair. Eu que não sou sedentária, tenho o costume de correr na rua, já fiz algumas trilhas mais leves, tive certa dificuldade, mas acabou que deu tudo certo.
Ciente disso e se organizando bem, saiba que serão dias de profunda conexão com o meio ambiente e com você mesmo!
PRIMEIRO DIA
O primeiro dia é o mais difícil. A entrada no Parque se dá pela Sede Petrópolis, já que o caminho é mais fácil e mais bonito nesse sentido. São 7 km de pura subida, que concluímos em 6 horas. Esse trecho é bem marcado e não há grandes problemas com localização. A rota começa em mata fechada fazendo a primeira parada na Pedra do Queijo, excelente ponto para dar uma respirada contemplando bela vista. Dali segue até o Ajax, onde é possível o abastecimento de água e foi o escolhido para fazer um lanche/almoço.
Foi bem aqui que eu dei, literalmente, um pití. Senti o peso da mochila, cansaço, dor na perna e negativei o pensamento achando que não ia conseguir. Tão no começo, não é? Mas a sensação de que ainda ia durar três dias me desesperou. Pensei que não ia curtir o passeio. O guia foi essencial nessa hora, me dando apoio psicológico e dizendo que eu ia me acostumar e ficaria mais fácil. Estava certíssimo!
Acalmei o coração e seguimos. Partimos para o trecho mais íngreme do primeiro dia, Isabeloca, uma homenagem à Princesa Isabel, que teria passado por ali de mula. Não gosto nem de imaginar essa viagem.
Na sequência vem o chapadão (pensou besteira né? É por causa do piso plano), de onde já da para visualizar a Pedra e os Castelos do Açu. Rapidinho o primeiro abrigo entra no campo de visão, o que dá um alivio danado de saber que vai ser possível relaxar e jantar. Esse abrigo, infelizmente está fechado, não sendo possível usar sua estrutura. Montamos acampamento e fomos assistir o pôr do sol.
Foi tão bonito, mas tão bonito, que eu entendi como uma recompensa pelo sofrimento da subida!
TRAVESSIA PETRÓPOLIS X TERESÓPOLIS:
SEGUNDO DIA
Dormimos relativamente bem e acordamos 5:30 para assistir à mais um espetáculo da natureza. Não me canso de ver o sol nascer e se pôr.
Com sorte, era mais um dia aberto, tomamos o maravilhoso café da manhã organizado pelo nosso guia e zarpamos. Esse é o dia mais bonito da travessia, além de menos cansativo. Eu estava bem mais animada!
Nesse dia, apesar de existir certa marcação, a orientação é complicada. Numa série de subidas e descidas, passamos pelo Vale da Luva até chegar ao Elevador, que não sei porque tem esse nome, já que é uma escadaria de ferro. É um pedaço perigoso, porque é bem alto, alguns degraus já não existem e tem que se equilibrar subindo com a mochila. Nem pense em cair!
Na minha opinião, o trecho seguinte é o mais bonito, de onde se tem vista privilegiada da Pedra do Sino e do Garrafão.
Tem mais dois trechos bem tensos: o Mergulho, que é uma grota que tem que dar uma rapelada e o Cavalinho que tem que escalar e fazer um movimento que remete à montaria. Não achei um exagero usar o equipamento de escalada nesses trechos, é realmente perigoso e um deslize pode ser fatal (fora que eu não dava altura no cavalinho).
Diferente do dia anterior, eu não apresentava tantos sinais de cansaço. Já estava mais adaptada à atividade e pude curtir todo o visual.
Após o cavalinho a trilha contorna a Pedra do Sino, como estava cedo, fomos no abrigo nos instalar primeiro para depois voltar ao cume.
Já que o abrigo da Pedra do Sino está em funcionamento, optamos por dormir dentro dele, usar a cozinha e tomar banho.
Mais um pôr do sol espetacular (dessa vez sem fotos, para contemplar melhor) e ficamos até anoitecer no cume. O tempo estava limpo e pudemos ver claramente o Rio de Janeiro iluminado à esquerda, a Serra dos Órgãos à direita e todas as estrelas do céu, tudo em 360 graus. Impressionante!
TERCEIRO DIA
O terceiro dia é basicamente acordar, assistir o nascer do sol, tomar café e descer até Teresópolis. O trajeto tem 11km, mas para quem veio disso tudo é moleza!
O QUE SABER
♦ Para adquirir o ingresso basta entrar no Site do Parnaso (são liberados 100 por dia)
♦ É possível alugar a barraca no site por R$ 40,00 para duas pessoas. Menos peso para carregar.
♦ Tênis: eu não tenho aquelas botinhas de trilha. Dá para fazer sem, mas destruí meu tênis de corrida.
♦ Leve: mochila cargueira, garrafa d’água, roupa só o necessário (faz muito frio a noite, dê preferência à roupa de frio especializada, fleece, anorak, etc), luvas, gorro e uma meia para cada dia. Não se esqueça da lanterna, protetor solar e sacos vazios para o lixo e roupa suja.
♦ Comida: leve o que for comer, um fogareiro e gás, panelas e talheres e uma esponja pequena com um pedaço de sabão. Obs: no meu caso, estava incluído no preço do guia. Foi MUITA vantagem não carregar peso e não ter que cozinhar. E não pense que rolou miojo, foi lentinha com arroz linguicinha e macarronada.
♦ Equipamento de Camping: é possível alugar a barraca, mas o saco de dormir e o isolante térmico são essenciais.
♦ Guia: se você não possuir bastante experiência e GPS de trilha, garanta sua segurança. Indico o Ivo Junior de olhos fechados: (21) 97113-8708.
♦ Valores: o custo será variável, a depender das suas opções. O meu foi: R$ 350,00 de guia (incluso comida) + R$ 142,00 de entrada no parque, banho e aluguel de barraca + custo para chegar em Petrópolis.
MAIS SOBRE A REGIÃO
Para quem não deseja fazer um esforço físico tão grande, é possível entrar por Teresópolis e seguir só até a Pedra do Sino para um único pernoite. É bem menos visual, mas uma ótima maneira de adaptar. Ainda, existem milhares de outras trilhas e cachoeiras a serem exploradas dentro do Parque, a lista completa está aqui nesse link.
15 Comments
Valeria memelli
agosto 18, 2015 at 11:49 pmParabéns você é muito corajosa não puxou a Mamis. Bj
Mahelly
agosto 19, 2015 at 1:07 amNossa, que passeio incrível! Adorei!!!!! E as fotos? Parece que viajamos junto com você! Amo seu blog, suas fotos e suas viagens! Sou sua fã de carteirinha assumida! parabéns pelo sucesso! beijão
Sthefania Memelli
agosto 19, 2015 at 9:24 pmAi que linda!! A intenção é essa mesmo, se ta dando vontade de conhecer está dando certo!
Saudades giga! :*
Angela
agosto 19, 2015 at 1:14 amMuito corajosa!!! Arrasou Sthe!
Sthefania Memelli
agosto 19, 2015 at 9:24 pmObrigada Ângela!
Letícia Mignot
agosto 19, 2015 at 1:14 pmAmei o post, Sthe! Como leitora, tive muita vontade de conhecer! Parabéns!
Sthefania Memelli
agosto 19, 2015 at 9:24 pmObrigada amore!
Milena Azeredo
agosto 25, 2015 at 2:55 amComo sempre me senti viajando junto, com exceção da foto da “escalada” hahahaha muito corajosa! Não me canso das fotos e sempre dou risada com seus comentários!! ♥
Rafael Kosoniscs
setembro 8, 2015 at 8:44 pmSthe, adorei seu bloguito. É muito bonito!!! Tbm gostei muito deste post. A travessia Petrópolis – Teresópolis é realmente incrível.
Um beijo
Sthefania Memelli
setembro 13, 2015 at 2:35 pmObrigada pela visita Rafa!
Essa travessia foi demais mesmo! :*
Laura monteiro
setembro 10, 2015 at 11:49 amMinha amiga arrasa mto. Deu mtaaaa vontade de estar lá. Vc motiva a galera sthezita…tudo é possível para aquele que crê. Obrigada e Parabéns! !!
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outubro 10, 2017 at 5:32 pm[…] Travessia Petrópolis x Teresópolis […]
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